segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Visões


Nosso olhar é mágico quando acostumamos a enxergar com atenção tudo ao nosso redor.
Quando viajamos, tendemos a prestar mais atenção a cenas e locais diferentes da nossa rotina e valorizamos cada momento. Alguns ficam registrados em nossa memória para sempre.
Nessa última viagem, às Dunas de Itaúnas, ES, ficou marcado o pôr-do-sol maravilhoso e abençoado. Não só a visão do sol se pondo, mas a interessante cena de ver várias pessoas que sobem as dunas apenas para viver esse momento, na maioria, jovens, alegres, vibrantes.
A minha amiguinha que me acompanhava me deu uma linda lição do que significava tudo aquilo. Clicou o quanto pode o instante, mas a bateria do celular foi embora, e seu pai ficou dizendo a ela para tentar ligar de novo o celular, para ela não perder esse momento tão mágico. Ela disse apenas: “Pai, eu não preciso registrar, eu estou vivendo este instante, o mais importante é isso!”
Viver o instante, com intensidade, é o mais importante.
As visões que se apresentam a nós a todo instante devem ser sentidas para serem percebidas.
Durante uma breve visita a Paris, o que ficou grudado na minha retina foi a visão da Torre Eiffel à noite. As lágrimas descendo e eu não acreditando que estava vendo aquela preciosidade. É simplesmente fantástico!
Quando trabalhava de manhã cedinho, gostava de tomar café na janela da minha área de serviço para ver o nascer do sol e as várias nuances de cores da manhã que se anunciava. Não preciso ir longe para ter visões espetaculares.
Da minha janela também, posso vislumbrar a lua cheia se agigantando no céu, partindo da mata vizinha do meu bairro. Ela fica maravilhosa no início, amarelada, enorme, lindíssima, de nos deixar boquiabertos.
Uma vez, uma amiga que viaja muito me disse que, quando estamos em uma cidade e vemos uma árvore florida, logo queremos fotografar, registrar, e dizer a todos como é lindo o lugar que visitamos. E aí, quando chega em casa, vê que há uma daquelas árvores, repleta de flores também, perto de onde mora. Por que será que se valoriza mais o de longe? Ela mesma disse.
É preciso ver com intensidade, cuidado, atenção, para perceber o valor de cada coisa, cada gesto, cada olhar, cada lugar...
As visões que ficam presas em nossas memórias têm algo de sentimento, algo de intenso, algo de querer reter para sempre aquilo.
Tenho em minha mente muitas visões, a maioria delas não foi registrada por câmeras, mas está tudo registrado nas minhas memórias afetivas: os sorrisos de meus filhos, a alegria de minha neta, as gargalhadas de meus pais, o choro emocionado que escorre no silêncio, o brinde com os amigos, o abraço no momento certo... É preciso saber ver para valorizar cada momento.