terça-feira, 21 de abril de 2015

Passagem do tempo

Um dia, quando pequena, de chofre, perguntei à minha mãe:
-Mãe, como é ficar velha?
Veja bem! Acredito que minha mãe não tinha nem cinquenta anos e eu a estava achando velha já!
Na sabedoria de sua maturidade, ela me respondeu simplesmente:
-Não sei, minha filha! Só vejo os anos passando no espelho e nos retratos!
Ainda hoje, depois de uns trinta anos após essa pergunta (tão dura quando é feita para uma mulher), lembro-me dessa fala dela e reflito: o que significa essa passagem dos anos na nossa vida?
Minha mãe sempre foi sábia em seus ensinamentos, nas suas palavras de vida e de fé. E isso me conduz a essas reflexões tão rotineiras.
Não é que é verdade? Às vezes, me vejo moleca, brincando com minha netinha; às vezes, me sinto velhinha, corpo cansado na subida de uma escada.
Mas, normalmente, me sinto jovem, sempre em busca de uma nova aventura ou uma realização de sonhos desejados há tempos.
Já houve quem dissesse que existem jovens que são velhos e velhos que são jovens, cheios de energia e vontade de viver.
Acredito que a passagem dos anos se apresenta, sim, no espelho e em algumas fotos com ângulos que não nos ajudam. Aqueles que se preocupam tanto com esses detalhes que as imagens distorcidas da idade nos apresentam sofrem mais. Tentam dar uma esticadinha aqui, preenchem lábios, faces e testas para parecerem mais jovens, mas à alma, essa que deveríamos conservar com mais carinho e deixar viva a criança ou o adolescente ou o jovem cheio de energia e força para desvendar mundos novos, esquecem de dar atenção.
De repente, vemos que o silêncio é mais importante que a palavra. Notamos que pessoas precisam é de pessoas e não de coisas. Que o olhar de uma criança é mágico e devemos dar importância ao que ela nos fala. Que cada instante vivido é uma dádiva, um presente, por isso merece ser bem aproveitado.
Aí, sim, os anos passarão e notaremos apenas nos espelhos e nas fotografias, assim como minha mãe me disse, essas mudanças que o tempo não perdoa, mas a experiência de vida que ele nos oferece, ah!, isso ninguém nos tirará.

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