sábado, 18 de julho de 2015

Descobrindo pessoas e lugares

Gosto de viajar, conhecer pessoas e lugares, culturas e paisagens.
Tenho uma meta a cumprir; em meu livro dos desejos, criado há mais de uma década, escrevi que tenho que conhecer todos os Estados brasileiros e, pelo menos, três países diferentes. Sem muita pressa de alcançar esse desejo, dentre tantos já realizados, já conheci vários Estados e dois países da Europa, Portugal e França.
Nesses lugares, percebi que muito se fala da recepção, do tratamento a turistas, da comida, enfim, observei bem, comparando com o que dizem a respeito. Estereótipos são formados e tive que escrever sobre isso.
Em Lisboa, fui tratada mal por um funcionário do aeroporto e pela recepcionista muito mal humorada do hotel em que me hospedei. “Puxa, pensei, bem que me disseram que portugueses tratam mal brasileiros!”. Mas não podia acreditar nisso, não podia ficar com esse rótulo na minha cabeça. Pois bem! Fui dar um passeio, tinha apenas um dia na capital portuguesa, depois de ter passado a semana em outras cidades do interior, como Évora e Faro, que fica no litoral. Entrei em um ônibus, e sentei-me ao lado de uma senhorinha. Como sempre acontece no meu dia a dia, puxei conversa, perguntando sobre lugares mais interessantes para se conhecer em um dia de turismo. Ela abriu um sorriso simpaticíssimo e me explicou com minúcias como chegar aos lugares que eu não podia perder de jeito nenhum. E isso se repetiu com várias outras pessoas com quem encontrei durante o passeio. Foi maravilhoso conhecer as pessoas e os pontos turísticos lindos de Lisboa. Voltarei, com certeza!
“E os franceses? Nossa! Como são mal humorados! Não fazem questão de se comunicar com o turista em outra língua senão a deles!” Ledo engano. Preocupei-me em adquirir um mini dicionário português-francês para a minha comu
nicação, mas não houve necessidade. Cada lugar visitado tinha pessoas solícitas que perguntavam em qual língua seria melhor a conversa: inglês ou espanhol? Achava interessante que todos me reconheciam como brasileira por causa da cor da minha pele. Eu sempre respondia: “portuguese, please!” só de brincadeirinha, mas não senti nenhuma dificuldade na comunicação. Voltarei lá também!
Agora, no Brasil, sempre ouvi falar dos motoristas de ônibus do Rio de Janeiro. “São grossos! Super mal educados! Correm como loucos! Acham que carregam uma carga qualquer!” Olha, a experiência que tive na última visita que fiz ao meu filho e nora na Cidade Maravilhosa deixou-me de queixo caído diante das atitudes do motorista do ônibus que me levou do aeroporto à Barra da Tijuca. Cada passageiro que embarcava era tratado de forma cordial. Se a pessoa pedia informações, o condutor explicava com tranquilidade. Se pediam para avisar quando chegasse a determinado local, ele falava lá da frente quando estava perto. Agora, a cena mais espetacular, a atitude que me fez tirar o chapéu para ele, foi quando uma das passageiras, com bolsas e dois filhos, deu sinal para descer em um ponto. Ele parou e, simplesmente, carregou seus filhos nos braços e desceu com eles, enquanto a mãe desembarcava com as bolsas. Confesso, fiquei emocionada! Pois bem! Quando cheguei ao terminal, fui pegar minha mala que o motorista tirava do bagageiro, voltei-me para ele e tive que lhe dizer: “Cara, você é gente boa demais!” O sorriso que recebi de volta me deu a certeza de que, apesar do trânsito ruim (foram quase três horas de “viagem” no pico das 18h), eu e ele teríamos uma noite melhor. Acredito que ele deve ter pensado que valeu a pena tratar bem as pessoas e eu tive vontade de escrever sobre a lei do retorno, se eu trato bem os outros, recebo de volta somente coisas boas. Prestei atenção nisso também. Cada passageiro que pediu ajuda ao motorista respondia com um “muito obrigado” muito especial, eu sentia, pela entonação de voz de todos, sem exceção.
Essa última viagem, há poucos dias, me fez refletir sobre rótulos, estereótipos, manias mesmo, de pessoas por uma única experiência negativa, marcarem pessoas e lugares como se não valesse a pena tê-los conhecido.
Sem pressa de chegar, prestando atenção nas pessoas e no trajeto, sentindo cada instante, é assim que se conhece a verdadeira forma de descobrir o mundo, seus lugares, sua cultura, suas paisagens e sua gente.


Cresci no meio de sonhos

Cresci no meio de sonhos
Quando acordava de um,
criava outro rapidinho.
Quando pensava em desistir,
surgia um brilhante.
Quando um escapava,
Sempre outro o substituía rapidinho.
Quando adormecia sem querer,
a presença da noite me fazia viajar.
Quando via tudo escuro ao meu redor,
acendia a luz da minha existência
e tudo se transformava!
Meu mundo, só meu mundo
precisa ser assim,
um tanto brilho,
um tanto magia
e uma grande porção de sonhos!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A lua que me dei

Não era uma noite qualquer...
Não era uma lua qualquer...
Era A lua!
Aquela lua cheia, brilhante, resplandecente!
A minha lua!
Já me disse que sou de fases, como Cecília,
Cada momento, tão especial,
Cada dia, uma novidade, mesmo inventada.
Minha lua estava lá
E olhava pra mim, sorria pra mim...
E eu sentia cada cratera, cada sombra, cada magia...
A lua que me dei era assim
Iluminada, iluminando,
Séria, sóbria, densa,
Clara, forte,
Pura magia, no silêncio da noite!Não era uma noite qualquer...
Não era uma lua qualquer...
Era A lua!
Aquela lua cheia, brilhante, resplandecente!
A minha lua!
Já me disse que sou de fases, como Cecília,
Cada momento, tão especial,
Cada dia, uma novidade, mesmo inventada.
Minha lua estava lá
E olhava pra mim, sorria pra mim...
E eu sentia cada cratera, cada sombra, cada magia...
A lua que me dei era assim
Iluminada, iluminando,
Séria, sóbria, densa,
Clara, forte,
Pura magia, no silêncio da noite!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Histórias e olhares



Quando fui convidada para visitar e contar histórias no Centro Socioeducativo de Menores Infratores de Ipatinga, confesso, fiquei receosa. O que será que encontraria lá? Como seriam os olhares dirigidos a mim? Quais seriam os perfis daqueles garotos? Eu teria que temer algo?
Eram muitas questões sem respostas. Apenas a fala e as sensações da minha companheira que foi na frente, antes de nós, contar histórias para aqueles meninos e tentar encantá-los.
O que ela nos disse foi que chegou em casa, meteu-se sob as cobertas e ficou paradinha, quietinha, sem saber o que estava sentindo ou pensando sobre aquela experiência tão nova em sua vida já vivida de tantos acontecimentos variados.
Pois bem! Encarei o desafio e preparei-me para contar uma história divertida, que os faria rir um pouco, apesar dos pesares, apesar do lugar, apesar de tudo! Escolhi uma história do Pedro Malasartes, personagem anti-herói do nosso folclore. Fiquei insegura, pois queria ser fiel à história, sem mudar palavra alguma. O problema é que a história é toda contada em versos rimados!
No dia, passei a manhã falando, andando de um lado para o outro pela sala, toda a história, olhando diversas vezes para o papel para conseguir decorar tudinho, certinho!
Chegou a hora. Pus minha roupa de palhaço. Fiz a maquiagem característica. Estava pronta, esperando minha colega de aventura. Ela chegou, também vestida de palhaço. Respirei fundo e entrei no carro. Fomos com a ansiedade de primeira vez.
Chegamos e, logo depois, nossos outros dois companheiros também chegaram, um contador de histórias e uma escritora. Os dois, nossos amigos.
A sala já estava preparada com cadeiras (para os agentes socioeducativos). Espalhamos toalhas, quatro, no chão e despejamos dezenas de livros sobre elas. Preparamos, também, pacotinhos com balas e Bis para distribuir a eles.
Pronto. Eles foram chegando. Um por um, entravam pela porta, vinham até nós, apertavam nossas mãos e nos desejavam boa-tarde. Primeiro encanto! Educados, simpáticos, sorridentes, bonitos!!!! Fiquei olhando, reparando mesmo cada um. Quanto menino bonito! E estavam ali, sendo privados de sua liberdade; por quê?
A tarde correu cada minuto mais animada, alegre, com histórias encantando tanto aqueles adolescentes quanto nos encantando com esse envolvimento. Encantou-me o gesto de cumprimento deles, a educação aprendida ali, a forma como se sentaram nas toalhas e manusearam os livros e os bichinhos de pelúcia espalhados para eles. Encantou-nos a forma como se deliciaram com os doces que ganharam. “Nó, tia! Tem um tempão que não chupo bala!” Escutei de um logo na entrada quando entreguei seu pacotinho. Encantei-me tanto, que a história de Malasartes foi contada com uma tranquilidade e firmeza que até versos com rima eu criava quando não me lembrava dos constantes no livro.
Terminamos nossa tarde, carregando para casa uma bagagem imensa. No caminho para casa, ainda vestida de palhaço, não contive, chorei, chorei muito, sem saber ao certo qual sentimento me tomava no momento. Era simplesmente um misto de sensações diversas que enchiam meu ser. Angústia, tristeza, alegria, gratidão a Deus por ter me dado a chance de vivenciar essa experiência, vontade de mais, de fazer muito mais por aqueles meninos grandes, que perderam sua infância em algum momento, por motivos diversos, alheios à sua vontade, talvez.
Seus olhares me surpreenderam, seus gestos me encantaram, os abraços recebidos, os agradecimentos ao final e o pedido insistente para voltarmos no próximo mês com mais histórias. Se valeu a pena? Pergunte-me. Quero mais. Respondo com a mais absoluta certeza!

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Já que não estamos namorando


Já que não estamos namorando, suspenda o vinho, vamos beber cerveja mesmo.
Já que não estamos namorando, tire o Fagner e bote Zeca Pagodinho!
Já que não estamos namorando, nada de salmão grelhado com alcaparras, linguiça frita no palito!
Já que não estamos namorando, o buteco da esquina serve, nada de jantar com talheres finos na mesa e à meia luz.
Já que não estamos namorando, não me olhe assim, não passe as mãos pelos meus cabelos, não fale palavras doces em meus ouvidos, não me surpreenda com beijos nos cantos da boca, não toque minha nuca com seus dedos quentes, não enlace seus braços me envolvendo por inteiro, não...
Já que não estamos...
Puxa! O que está faltando para nós namorarmos então?

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Só sei...

Só sei de uma coisa
O que sinto às vezes
não cabe em meu peito.
Só sei que sinto
E por você...
Por ninguém mais,
Nunca...
Só sei que sentir isso
Me faz muito feliz.
Pensar em alguém: você.
Querer sempre alguém: você.
Ter alguém pra dividir ideias: você.
Não quero nem saber de amanhã.
Agora vivo simplesmente
Sabendo que tenho você.
Só sei de uma coisa,
O que me faz sentir
É algo de bom,
Não! Algo de ótimo.
Não! Algo de fenomenal!!
Só sei disso.
E é isso.